O levantamento do custo será um dos argumentos do setor para que o governo não "desove" seus estoques de forma rápida, o que poderia reduzir drasticamente os preços do cereal e, com isso, a área plantada para a safra 2008/09, o deixando a cotação média do grão mais elevada também em 2009.O estudo do Irga mostra que o desembolso para o próximo plantio é de R$ 32,06 por saca (50 quilos) - atualmente, o valor pago pelo grão no estado é de cerca de R$ 33 a saca, para um custo de R$ 26 a saca. "O gasto ainda pode subir, pois muitos insumos estão tendo reajustes", diz o presidente do Irga, Maurício Fischer. Ele acrescenta que nem 30% dos produtores adquirem os insumos nesta época do ano. Segundo o levantamento, o maior aumento de uma safra para a outra ocorreu com o adubo: 103% - o insumo representa cerca de 10% do custo total da lavoura. Um estudo semelhante, da Cogo Consultoria Agroeconômica, mostra que no plantio do ano ado o arrozeiro precisava de 24,90 sacas (60 quilos) para comprar uma tonelada de fertilizante. Em 2008 vai precisar de 31,90 sacas. "Este ano é um ano em que, se o governo permitir, o custo será coberto pelo preço, incentivando o plantio. Mas, por outro lado, com o custo mais alto, o produtor terá de fazer bem as contas", diz Carlos Cogo, diretor da consultoria.
O presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha, diz que os produtores já estavam alertando o governo que o custo da próxima safra deve ser mais alto. "Agora fica confirmado oficialmente", afirma. Ele lembra que parte do custeio da lavoura é financiada, mas outra é bancada pelo produtor, por meio da comercialização da safra anterior. "O financiamento não cobre tudo. Por isso é importante o produtor ter preços acima dos custos, o que não vinha ocorrendo nas últimas safras", afirma Rocha. O dirigente alerta também para o fato de, em algumas áreas do estado, haver déficit hídrico, o que poderia inviabilizar o aumento da área plantada da próxima safra. O presidente do Irga acrescenta ainda que, enquanto o governo toma medidas para "segurar o preço do arroz, não faz nada em relação aos insumos". Entre os herbicidas, a alta foi de 10%, mesmo valor para a mão-de-obra.
FONTE: Gazeta Mercantil - 04/06/2008